quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Eu
Sempre me disseram que quando adultos, as coisas automaticamente tornar-se-iam mais difíceis.
Além da constatação obvia e manjada que ouvimos de quase todo mundo, percebi que perdemos também o encanto de acreditar nas coisas bonitas e verdadeiras.
O detalhe do detalhe, as cores do céu, o aroma de uma flor.
A vontade de esperar algo bom, a música e a dança.
Lembranças, tempo, vivência e essência.
Tudo que construí até agora, tudo que acreditei um dia, vai se apagando conforme o tempo.
Conceitos novos definem-se sem que eu queira ou perceba, como se fossem uma autodefesa da minha mente, tentando proteger meu coração das futuras e certeiras decepções.
Estou virando um escudo que me protege do ruim, mas também das sensações boas.
Ganho conhecimento, ganho experiência, ganho maturidade, mas também a noção de que as coisas não são como eu gostaria que fossem na maioria das vezes.
Hoje sinto uma leve descrença interior e toda aquela vontade de prever o futuro vai embora com o vento.
Aprendemos a viver um dia de cada vez sem fazer contagem regressiva para as datas boas e sem esperar nada de ninguém, porque percebemos que só assim poderemos viver sem o erro de esperar sempre demais.
E por mais que sempre estejamos rodeados de pessoas, a vida resume-se ao ‘Eu’.
Um ‘Eu’ sozinho que entende aos poucos, mas dolorosamente, que a vida é e termina assim.
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