quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Cheiros


Cheiros
São perfumes,
Lembranças,
Sentimentos.
Cheiros são risadas,
Prantos e arrependimentos.
Tem cheiro que transborda amor,
Outros revelam a dor.
Tem cheiro que te faz pensar,
Outros se perdem ao ventar.
Tem cheiro que é igual,
Outro superficial.
Tem cheiro natural
E o individual.
Dentre tantos cheiros,
Sou um deles,
Todos eles.

Inconstância

Ao anúncio de ventos fortes lá fora, tudo roda com mais velocidade aqui dentro.
E, em meio a pensamentos, eu me viro do avesso.
Viro, desviro, vou e volto, mas não chego a lugar nenhum.
Algumas vezes posso dizer até qual é o milésimo de segundo que separa o  cômodo do incômodo.

Outras vezes me passa despercebido e, quando vejo, já fui parar em um momento onde quase sempre odeio estar.
Eu costumo descrever cada instante como um desmaio mental onde tudo escurece e eu só vejo o que, naquele momento, deveria fazer, mas não faz, todo o sentido.
Respiro fundo, fecho os olhos e faço de tudo para voltar ao meu lugar.

Em algum momento daquele pequeno instante, sinto a velocidade diminuir e tudo parar.
Posso escutar novamente a batida forte do meu coração que, como uma leve melodia, parece me pedir para deixar.
Deixar para trás os ventos indesejados, a angústia e os pensamentos sem fundamento.
Quando finalmente volto a abrir os olhos, sinto uma vontade enorme de explicar e compartilhar.

Quero descrever conscientemente cada detalhe da inconstância da minha mente pra, quem sabe, encontrar ventos que sigam para outro lugar.
É quando percebo que ninguém realmente merece entender.
Disso tudo, levo tudo apenas comigo, na direção que tiver que ser.

Eu


Sempre me disseram que quando adultos, as coisas automaticamente tornar-se-iam mais difíceis.

Além da constatação obvia e manjada que ouvimos de quase todo mundo, percebi que perdemos também o encanto de acreditar nas coisas bonitas e verdadeiras.

O detalhe do detalhe, as cores do céu, o aroma de uma flor.

A vontade de esperar algo bom, a música e a dança.

Lembranças, tempo, vivência e essência.

Tudo que construí até agora, tudo que acreditei um dia, vai se apagando conforme o tempo.

Conceitos novos definem-se sem que eu queira ou perceba, como se fossem uma autodefesa da minha mente, tentando proteger meu coração das futuras e certeiras decepções.

Estou virando um escudo que me protege do ruim, mas também das sensações boas.
Ganho conhecimento, ganho experiência, ganho  maturidade, mas também a noção de que as coisas não são como eu gostaria que fossem na maioria das vezes. 

Hoje sinto uma leve descrença interior e toda aquela vontade de prever o futuro vai embora com o vento.

Aprendemos a viver um dia de cada vez sem fazer contagem regressiva para as datas boas e sem esperar nada de ninguém, porque percebemos que só assim poderemos viver sem o erro  de esperar sempre demais.

E por mais que sempre estejamos rodeados de pessoas,  a vida resume-se ao ‘Eu’.

Um ‘Eu’ sozinho que entende aos poucos, mas dolorosamente, que a vida é e termina assim.